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Freelas: por que cobramos tão pouco?

dinheiro

Faz algum tempo eu lancei uma pergunta nas redes sociais do Vivendo de Freela: por que os freelas cobram tão pouco por seus serviços? Perguntinha cretina, né? Mas queria sair um pouco do óbvio “é o que os clientes podem pagar” (apesar de este ser um dos principais motivos apontados por vocês).

Agora, uns 3 meses depois da “enquete”, resolvi escrever este post. Pensei, pensei, digeri o assunto e me perguntei de volta: mas tem mesmo que ser assim? A verdade é que não acredito que precise. Talvez inocência, talvez confiança demais no mercado, entretanto vejo que tem um caminho diferente a seguir por aí. Acredita junto comigo?

As desculpas para cobrarmos pouco – e porque são desculpas!

No fim das contas, acredito que muito do que alegamos para cobrar pouco pelos serviços é desculpa. Sim, desculpa. E você deve estar contanto algumas delas para si mesmo agora.

Desculpa para não dar a cara para bater, para não arriscar nas vendas, para não pensar um serviço diferenciado e até para não entregar um trabalho acima da média. Estou um pouquinho polêmica nesse post, mas vai dizer que não bateu um mea culpa aí?

Para justificar tudo isso, listei abaixo o que penso e que aprendi como freelancer. Adoraria ouvir outras opiniões, contrapontos, sugestões e até alguns “vem cá, você tá maluca?” (mas espero um bom motivo para isso!)

1. Os clientes não querem pagar o que é justo

Sim, essa é uma verdade: o cliente nunca quer pagar o que você pede (quando aceita assim de cara é porque você já está cobrando barato demais, acredite). Mas isso é a realidade para quase qualquer negociação comercial – ou você nunca pechinchou?

Somado a isso, empresas que contratam freelancers muitas vezes não têm conhecimento sobre a complexidade do trabalho, duração da execução e até sobre sua experiência profissional. O quanto isso está aparecendo em suas propostas? Com certeza, mandar só um preço no corpo do e-mail não contribui para receber uma boa fee.

Outro ponto importante é: nenhuma empresa fecha todos os negócios para o qual passa um orçamento ou cotação. Em alguns mercados a proporção é bem baixa, inclusive. Tenha uma gordurinha para queimar em seu planejamento comercial, assim, fica muito mais fácil fugir dos clientes que não querem ser justos no pagamento (porque alguns querem explorar mesmo, não dá para negar).

Por fim, se não acha o valor que oferecem justo, nada o obriga a aceitar o job. Ainda tem coisa mais útil que você pode fazer com seu tempo. Inclusive para ajudar a cobrar mais lá na frente.

2. Outros freelas cobram mais barato

É verdade. Mas assim também não acontece com os salários dentro das empresas? No mundo de trabalho tradicional, a remuneração leva uma série de fatores em conta. Ao contratar um freelancer, o cliente deve pagar de acordo com alguns fatores semelhantes: experiência, tempo disponível para dedicação, capacidade de atendimento ao prazo, etc.

Por isso, é claro, vão existir freelas que cobram menos do que você – assim como alguns que cobram mais. O ponto chave é comunicar ao cliente o porquê de você praticar esse preço. Se ele tiver verba para pagar apenas por um freela menos experiente, tudo bem. Volte sua atenção para aqueles clientes que precisam de profissionais no seu perfil (acredite, eles existem).

E não esqueça: sempre dá para pensar em como é possível “subir” seu preço aprendendo novas habilidades ou especializando-se naquilo que já faz.

3. Não podemos concorrer com uma agência

Essa foi uma das razões que mais me colocou a pulga atrás da orelha. Por que ela tem um lado muito verdadeiro, não? É fato que não temos a estrutura de uma agência para nos suportar, que estamos ali sozinhos entregando um job. Mas não dá para chegar mais perto? Dá sim!

Eu sempre fiz muito disso, trabalhar em parceria com outros freelas com habilidades e experiências complementares para entregar projetos mais amplos de comunicação e marketing. É claro, nunca consegui chegar no preço de uma agência, mas estive bem mais perto.

E, afinal, você sabe mesmo quanto cobra uma agência por um serviço? Pode ser bem mais do que está pensando ao formular seu preço…

Que tal sair deste post com uma lista de áreas nas quais seria bom ter um parceiro? Apenas como um exemplo: sendo profissional de conteúdo, não posso viver sem estar em contato com alguns designers e desenvolvedores, com quem trabalho “trocando” indicações para projetos maiores ou até com subcontratação.

4. Se não cobrarmos barato, ficamos sem trabalho

Hummm…. vamos pensar bem: cobramos muito barato para poder ter mais trabalho, mas ainda assim não conseguimos nem pagar as contas. Será que não vale a pena trocar esses 10 “clientinhos” por um “clientão” e dividir o tempo com um pouco de vendas ou aperfeiçoamento profissional?

Já falei sobre isso em outro post, nós temos pavor de ouvir a palavra “vendas”, mas por isso ficamos presos em plataformas e sites de freelas nos quais só os clientes muito pequenos estão, oferecendo projetos naqueles valores absurdos que nem vale a pena começar a comentar por aqui…

Vale dizer que quando falo em vendas você nem precisa ir tão longe e se imaginar um dia inteiro fazendo cold call. É muito mais sobre construir um bom portfólio, reforçar sua marca pessoal, divulgar seu trabalho, fazer uns contatos pelo LinkedIn… totalmente possível, não?

Agora…. alguns motivos são verdadeiros!

freelancer

Ok, depois de eu ter dado esse enorme sermão sobre as desculpas para não cobrarmos um valor justo para nós mesmos, tenho que admitir que alguns pontos são verdade e impactam na visão que os clientes têm sobre todo o mercado freela. Tenho meus dois centavos sobre eles também, com algumas dicas para ajudar!

1.Não sabemos definir um serviço de valor

Quantos “escrevedores de artigo de blog” e “fazedores de logo” você tem visto por aí? Eu vejo aos montes, em todos os sites de freelas e grupos no Facebook.

Se quiser, você não precisa ser um deles. Em vez de cobrar por job avulso (e muitas vezes sem valor agregado), mostre-se como um profissional mais completo, como alguém capaz de entregar uma estratégia. Para isso, você precisa ter um serviço bem claro e definido, como se fosse uma pequena empresa ou agência. Já parou para desenhar isso?

2. Não calculamos bem os custos

Quanto cobrar pelo meu freela? Essa é a pergunta que mais escuto desde que criei o Vivendo de Freela. E, na verdade, eu mesma ainda tenho que queimar um pouco de neurônio cada vez que monto uma proposta. Já escrevi 2 posts e também gravei um vídeo sobre o tema, fica como dever de casa. 😉

>>Leia: Como definir preço para seu freela?<<

>>Leia: Quanto vale sua hora como freela?<<

3.Não divulgamos bem nosso trabalho

Tem muito freela por aí que nem mesmo a própria família e os amigos mais íntimos sabem o que faz – poxa, logo os maiores promotores do nosso trabalho! Para que os clientes comecem a chegar até você, também já separamos algumas dicas nesse post do blog:

>>Como promover seu trabalho como freelancer no LinkedIn<<

3. Não nos aperfeiçoamos como profissionais

Esse ponto vale um post por si só, mas a verdade é que quando a gente atua apenas como freelancer full time, fica muito fácil se desprender um pouco do que está acontecendo na nossa área, principalmente para quem fica isolado no home office.Também não sobra muito tempo (ou dinheiro) para participar de todos os eventos e cursos que gostaríamos.

Por isso, vale pelo menos guardar parte do tempo semanal para ler os principais blogs e sites do seu setor e para tentar bater um papo com alguém de sua área – ou corre o risco de ficar parado em suas verdades absolutas e não ver o tempo chegar e atropelar você com novas tendências.

Eu gosto de ficar de olho nos eventos divulgados no Meetup e nos realizados no Google Campus – de graça, minha gente! Essas são ótimas oportunidades de aprendizado e para fazer networking (nunca vi potencial cliente batendo na porta do home office, mas trocando ideia em evento…).

4. Não investimos em nós como uma empresa

Caso ainda não tenha percebido, você é uma empresa. Ou melhor, uma eupresa. Tem que entregar job, fazer proposta, divulgar trabalho, organizar as finanças… que tal assumir isso de uma vez por todas e começar a pensar em estratégias para ter mais clientes?

Planejamento de marketing, planejamento financeiro, meta de investimento, estratégia de serviço e de vendas… tem um bom caminho aí para trabalhar que pode ajudá-lo a se diferenciar no mercado e a encontrar clientes mais qualificados.

Vamos aumentar esse precinho aí?

Pronto, acabou o textão. Mas, com certeza, ficaram bons pontos para a gente discutir, né? Agora quero ouvir sua opinião! Acredita que isso possa dar certo? Tentou e não funcionou? Deixe aqui nos comentários suas impressões e experiência!

E, se achar que faz sentido, aproveita e já melhora um pouco essa tabela de preços antes de enviar a próxima proposta! O máximo que você pode ouvir é um “está acima do esperado” e, caso interesse, propor algum desconto.


Lembrando que estamos também no nosso canal no YouTube, com vídeos novinhos sobre a vida de freela. Assina lá para não perder nenhum conteúdo. Também marcamos presença no Facebook, Instagram e LinkedIn. Nesses canais, compartilhamos muitas dicas para ter mais sucesso como freelancer e também para aproveitar todos os benefícios da carreira independente. É claro, também respondemos dúvidas. Só deixar elas aqui nos comentários do post 😃 

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Lu Costa

Especialista em Conteúdo Digital, Inbound Marketing e Growth. Empreendeu por 9 anos, começando como freelancer e terminando como líder na agência Content2B. Hoje está de volta ao modelo de trabalho tradicional, mas segue entusiasta de temas como open talent e empreendedorismo.
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Lu Costa

Especialista em Conteúdo Digital, Inbound Marketing e Growth. Empreendeu por 9 anos, começando como freelancer e terminando como líder na agência Content2B. Hoje está de volta ao modelo de trabalho tradicional, mas segue entusiasta de temas como open talent e empreendedorismo.

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Respostas de 10

  1. Eu já li alguns artigos do seu blog e estou começando a entender a dinâmica sobre cobrar um preço justo, fato é que até você já passou por um momento em que cobrava muito pouco pela sua hora, chegando até a escrever de graça em site de entretenimento para montar um portfólio. Mesmo para quem tem experiência, quando entra no mundo dos freelas tem que recomeçar e passar pelo caminho das pedras. Então às vezes eu penso, será que cobrar pouco é um caminho que todo freelancer em início de carreira tenha que passar? Só na prática de receber pouco é que o freela tenha consciência em se valorizar e não cometer esses erros?

    1. Oi, Kelly! Tudo bem? Essa sua pergunta rende um bom de um debate (daqueles que não têm resposta certa!!). Eu sinceramente espero que não seja preciso que todo freela aprenda isso na prática…na verdade conheço muitos que começaram já cobrando um bom preço pelos serviços, mas a maior parte deles começou com algum vínculo a alguma empresa ou agência que já tem uma tabela de preços para freelas…enfim, o que importa é que a percepção de que dá para cobrar um valor mais justo aconteça em algum momento! Abraço e sucesso para você! 🙂

    1. Oi, Lucas!
      Fico feliz por estar ajudando, obrigada por me deixar saber 🙂
      E sucesso na vida de freela e no seu blog, achei muito legal!
      Abraço

  2. Me formei em Engenharia Civil e como estava mercado difícil, iniciei minha carreira como freelancer. Estou conquistando clientes aos poucos. O difícil é superar o valor dos profissionais que cobram bem abaixo da tabela. Comecei a escrever artigos técnicos e descobri que essa prática é geral. No entanto, me valorizo como profissional e tenho poucos clientes mas esses valorizam o meu trabalho.
    Obs.: Descobri o seu blog no youtube quando estava procurando sugestões de como melhorar o meu desempenho como freela. Gosto de suas dicas.

    1. Oi, Rebeca! Que legal que me encontrou e também o blog, espero que ajude 🙂 sei como é essa dificuldade com os colegas que cobram muito pouco…as vezes faz a gente se questionar se somos nós os errados, né? Mas sigo acreditando que pode ser diferente! Sucesso pra você!

  3. Sobre o “euempresa”, me lembrei de um livro que li, e releio várias vezes chamado “Eu S.A” do polêmico Gene Simmons, baixista do Kiss. E é totalmente verdade.

    Um freela é um negócio. É um business natural. E é claro, quanto mais trabalhos ele realiza e preenche o portfólio, mais valor ele agrega para si, e isso por si só deveria ser motivo para que pudesse cobrar um preço a mais pelos seus serviços.

    Eu vejo essa busca incessante por trabalho barato em sites de freelas, e é impressionante como as pessoas contratam redatores inexperientes e sem feeling pra coisa. Fica difícil, mas com persistência, se consegue melhores resultados.

    Muito bom artigo.

  4. Sobre o trecho: Será que não vale a pena trocar esses 10 “clientinhos” por um “clientão” e dividir o tempo com um pouco de vendas ou aperfeiçoamento profissional?

    Eu comecei a fazer essa mudança nos últimos meses e tenho mais tempo disponível, justamente porque o preço por trabalho é mais alto. Consigo focar na qualidade e entregar um trabalho sem correr com prazos, e sou recompensada por isso. Estou fazendo o possível para sair de plataformas e conquistar clientes diretos.

    1. Que bom, Vanessa!! Fiz isso também quando comecei a perceber que minha hora estava valendo muito pouco – tinha dias que nem pagava meu “custo de vida diário”. Valeu super a pena! Sucesso para você! bjs

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