Escrevo esse artigo na minha 34° semana de gestação (ok, 8 meses e meio se você ainda não se familiarizou com essa história de contar semanas 😅), depois de pensar muito se eu tinha algo realmente útil para compartilhar com outras freelancers e empreendedoras que planejam uma maternidade nessa vida sem licença remunerada e plano de saúde pago pelo empregador.
Isso porque a maior parte do que eu tinha planejado para a gestação e para a licença-maternidade não deu certo.
Compartilhando as metas não atingidas
Outro dia abri uma caixinha de perguntas no Instagram do Vivendo de Freela para falar sobre algum tema que não me lembro bem qual era e alguém mandou um “Lu, quero saber como está a gravidez!”.
Compartilhei um pouco e mais perguntas chegaram, de outras freelancers e empreendedoras que querem dar esse passo, mas têm milhões de receios: sobre risco de perder clientes, se manter financeiramente durante a licença, voltar a trabalhar, etc.
Até hoje não respondi nenhuma delas. Porque na hora me bateu uma frustração gigantesca de não ter conseguido “fazer isso direito” para contribuir com dicas que fossem realmente úteis. Também fiquei em dúvida se era a hora de dar qualquer recomendação, afinal, nem sei se o que vem pela frente vai dar certo…
Mas o tempo e uma boa dose de terapia me deram vontade de fazer esse relato agora, com o coração ansioso de quem não aguenta mais ouvir “quando chega o João?” sem ter certeza nenhuma sobre isso.
Gravidez e licença planejadas – mas por quanto tempo?
Comecei as tentativas de engravidar um pouco antes da pandemia estourar, parei quando estávamos naquele período de incertezas, voltei, parei de novo no início de 2021, voltei quando a situação se acalmou e a vacina chegou.
Por uma série de motivos que eu nunca vou saber quais são, não aconteceu até o meio de 2022, quando finalmente tive um positivo.
O engraçado é que até o final de 2021 eu tinha tudo dentro do meu planejamento:
- Tinha uma reserva suficiente para ficar sem trabalhar por 6 meses;
- Meus projetos estavam mais enxutos e de uma forma que conseguiria pausá-los por um período ou indicar parceiros para seguirem com eles durante minha ausência;
- Tinha mudado para um apartamento maior.
Mas aí veio o cansaço de estar me privando de tanto por causa do período de distanciamento social e pelo movimento de guardar dinheiro, além de estar “segurando” o crescimento da minha empresa enquanto as oportunidades batiam na porta.
Aliás, por falar nisso, se você tem dificuldades de se organizar financeiramente, dá uma olhada nesta live com a Cintia Nobre:
Chutei o baldinho com gosto (e foi ótimo)
No final de 2021 e início de 2022 fechei um contrato com um grande cliente (grande projeto e grande marca). Resolvi que era hora de parar de direcionar minha vida de acordo com uma gravidez que não estava se confirmando.
Com isso, aumentei a minha equipe de parceiros, inclusive com uma pessoa full-time tocando os projetos comigo.
Finalmente, comprei um computador novo.
E me dei umas super férias. Sério, viajei pra Bahia e esbanjei em hotel, drinkzinho na beira da praia e moqueca de camarão.
Foi assim que a minha reserva da licença-maternidade foi sumindo. Mas o que poderia dar errado? Era só recuperar, certo?
Começo de um sonho > (nem) tudo deu errado
Assim que voltei de férias, perdi um cliente. De uma forma bem bizarra, inclusive. No dia seguinte, outro cliente pediu redução de contrato.
Mas tudo bem: logo veio expansão de serviços com um cliente importante. O problema? O pagamento é 60 dias após o mês de prestação do serviço. Mais uma mordida na minha reserva para a maternidade.
Quando essa grana finalmente começou a entrar na conta da empresa… a melhor notícia chegou! Na semana do meu aniversário, ganhei de presente o início do projeto mais importante da minha vida.
No meio da euforia inicial, tudo sob controle, eu já tinha planejado lá atrás: nos dois primeiros trimestres da gravidez ia trabalhar bastante para recuperar minha reserva financeira, além de encaminhar projetos aqui do Vivendo de Freela que me garantissem uma renda passiva durante o período que estarei aprendendo a ser mãe de um bebezinho (como deixar cursos online gravados a serem lançados, vídeos e artigos a serem publicados para deixar o Adsense trabalhando).
Enjoando do início ao fim da gravidez
Logo nas primeiras semanas… veio um balde de água fria no meu super plano de ser uma gestante produtiva.
Comecei a enjoar demais. Mesmo com medicação, era meia hora na frente do computador, meia hora deitada. Sem falar nas cenas de “O Exorcista” que protagonizei em muitos banheiros por aí…
Ainda tinha esperança, afinal me diziam que “com 12 semanas parece que tiram o enjoo com a mão”. Não aconteceu comigo. Apesar de ter melhorado muuuuuito, ainda tenho enjoos até hoje.
Somado a isso, tive que ficar um período de repouso (o que é bem normal no início da gravidez).
Não sei como os clientes não me abandoram todos. Aliás, sei: graças à Suzane que continuou tocando o que era possivel e à compreensão de todos eles de que os atrasos nas entregas não eram padrão do serviço que eu presto – mesmo nem todos sabendo que já estava grávida.
E foi então que tudo saiu do meu controle…
Bom, você já deve ter percebido que as coisas não fluiram exatamente como eu gostaria no plano para tirar uma licença tranquila, né?
E piorou: tive que abrir mão de um cliente por causa da dificuldade em trabalhar com os enjoos e no fim do ano veio mais um cancelamento de projeto.
Somado a isso, os custos da gravidez me pegaram de surpresa. Estou com diabetes gestacional e só de fitas para medir a glicemia é uma fortuna por mês… fora as vitaminas, medicamentos, etc.
Além disso, outros imprevistos chegaram, como um tratamento de canal, uma remarcação de passagem no Natal para voltar mais cedo pra casa e evitar pegar Covid pois minha mãe testou positivo… Enfim, todas aquelas coisas que chegam sem avisar pra colocar um pouco mais de ansiedade na receita.
O que é um cenário realista pra mim agora?
Nesse meio tempo, já estava com a santa ajuda da Cintia (minha BPO financeira) e da minha psicóloga fazendo vários cenários de como seria um puerpério realista pra mim.
- Reduzi de quatro para três meses de licença;
- Reorganizei meu planejamento financeiro para ficar apenas com o valor que será pago pelo INSS durante a licença, sem retirar lucro da empresa (GENTE, CONTRIBUAM PARA O INSS!! Sendo MEI e pagando o valor mensal isso está resolvido);
- Conversei muito com meu companheiro sobre o que seria necessário cortar das nossas despesas para ele conseguir cobrir mais gastos enquanto eu não estiver trabalhando (e reconheço o grande privilégio de ele conseguir fazer isso!);
- Aceitei que, possivelmente, vou ter que encaixar um pouco de trabalho durante os três meses que seriam totalmente off.
O que mais tem me deixado em paz é justamente conversar com outras grávidas ou mães que têm uma vida semelhante à minha. Tudo aquilo que eu tinha idealizado antes, de poder ter um puerpério sem trabalho, de ter toda a segurança financeira para não precisar nem pensar no assunto ou de ter um tempo exclusivo para entender como será minha relação com o meu filho já ficou para trás.
Mas isso é uma das coisas mais valiosas que me falaram até agora: um filho chega mudando totalmente sua vida desde as primeiras semanas de gravidez, mostrando que você não tem mais controle de nada (poxa, logo eu que sou tão controladora?).
Agora é contagem regressiva e eu sigo por aqui com o coração cada vez mais tranquilo de que o que tinha que ser feito, já foi. Não há mais tempo pra ideias mirabolantes, só pra me organizar ao máximo dentro do que planejei. E, depois, estar pronta para replanejar (sei que será necessário…rsrs).
Assim que possível, volto aqui para contar como foi! 😉
Passando pra frente algumas dicas bem práticas 💜
Pra fechar, algumas coisas que fui aprendendo nesse processo e deixo aqui compartilhadas com vocês:
- Não faça um super enxoval: a maior tranquilidade financeira que tive na gestação foi não me apegar a construir um enxoval do zero e super perfeito. Comprei umas três roupinhas novas, o resto veio das primas do meu filho e de brechós. Aliás, brechós são muito bons pra comprar as roupinhas ‘de sair’, pois são as que os bebês menos usam. Lá também dá pra encontrar muitos outros itens – de carrinho a brinquedinho.
- Não gaste dinheiro com itens desnecessários: a primeira vez que você entrar em uma loja para bebês vai ficar chocada e pensar “eu preciso de tudo isso?”. A mesma coisa com os patrocinados nas redes sociais… Preferi ouvir de outras mães o que elas achavam realmente necessário pra montar a minha lista. Esse post do Instagram tem outras dicas.
- Considere alugar itens que vai usar pouco: além do brechó, outra dica para gastar menos é alugar alguns itens que são caros e vão ser usados por pouco tempo. Estou planejando alugar o berço portátil nessa loja.
- Se fizer chá de bebê, peça dinheiro em vez de presentes: ou, de uma forma mais sutil, monte uma lista online em sites como o da Magalu. Assim, o valor dos presentes é convertido em saldo que você pode trocar por fraldas, móveis, etc.
- Se tiver uma Black Friday no meio, prepare-se para ela: antes da BF eu já tinha uma lista de itens e valores para monitorar, além do valor máximo que podia gastar. Pra mim foi ótimo, consegui realmente bons descontos e deixei as parcelas vencerem no cartão nesse mês, em que estou na reta final da gravidez.
- Priorize gastar no que vai trazer saúde para você e o bebê: um dos motivos que tem me deixado super tranquila nessa reta final é a segurança que a equipe que me acompanha me passa (médica, enfermeira/doula, fisioterapeuta, etc). Optei por investir nesse cuidado particular com boa parte do meu valor guardado para a licença e não me arrependo, olhando agora acho que foi uma escolha melhor do que comprar roupinhas novas, decorar o quarto, etc.
- Planeje sua rede de apoio: ainda não sei como vai ser na prática minha rede de apoio para quando o bebê nascer, mas na gestação foi essencial contar com uma. De ter parceiros capazes de seguir com os projetos quando precisei ficar de repouso a contar com minha família para fazer compras e cozinhar quando o enjoo não me deixava levantar do sofá. Vale pensar nisso desde o positivo.
Você é mãe ou gestante? O que mais incluiria nessa lista? Esse é um artigo que vou amar ler os comentários e as dicas de vocês de como passar por esse momento!
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