Eu já fiz muitos freelas na vida, mas foi no final do ano passado que decidi tentar realmente viver disso. Além de ter feito alguns trabalhos desse tipo já antes de me formar, nestes seis anos como jornalista, fui freelancer nos intervalos entre um trabalho e outro e conciliei jobs enquanto trabalhava em empresas para aumentar minha renda. Quando morei fora do Brasil, também “frilei” em outras áreas – tradução e ensino de português – e na maioria das vezes tive experiências muito positivas.
Antes mesmo de voltar ao Brasil depois do meu mestrado na Itália, já pensava em virar uma freelancer full time. Minha experiência lá me fez valorizar o fato de poder estar mais em casa, comer a minha própria comida, ter flexibilidade de horários e estabelecer o meu ritmo para as atividades quotidianas.
Chegando aqui no ano passado, diante da crise, de um mercado com raras oportunidades legais e dos conselhos de colegas da área, acabei confirmando a decisão. Já estou com alguns freelas há mais tempo, mas decidi mesmo apostar nisso no final do ano passado. Em janeiro fechei com mais clientes e em fevereiro a ideia começou a sair do papel de forma mais concreta.
5 coisas que eu aprendi no meu primeiro mês de freela
Neste primeiro mês em que a coisa ficou mais séria, mesmo achando que eu já sabia tudo sobre esse modelo de carreira, me deparei com um mundo completamente novo. Passei a ver com mais otimismo a possibilidade de viver de freela, mas também encontrei algumas dificuldades inesperadas. Refletindo um pouco sobre esse processo de “adaptação”, compartilho o que eu venho aprendendo neste início de jornada!
1. Não é fácil fazer home office
O trabalho remoto é vendido hoje como uma grande vantagem e é o sonho de consumo de muitos profissionais do mercado. No entanto, o home office não é para qualquer um. A gente costuma ter a ideia de que trabalhar em casa é a coisa mais maravilhosa do mundo – mas, pode não ser assim para todos.
Não é fácil ser produtivo em casa, aliás, é mais difícil do que no escritório onde você pelo menos precisa “fingir” estar fazendo algo de útil. É preciso ter muito foco e disciplina para organizar a rotina e dar conta do recado. Eu, que sempre me considerei focada e eficiente, me vi completamente distraída em alguns momentos. No meio do “expediente”, pensava em parar para colocar roupas na máquina ou para tomar banho.
Isso sem dizer que você precisa aprender a lidar com a solidão. Para mim não foi exatamente um problema, pois consigo me concentrar melhor em ambientes tranquilos. Mas admito que às vezes sinto falta de um colega para fazer um comentário e dar uma descontraída no meu ambiente de trabalho.
2. Organizar o tempo é fundamental
É muito bom ter flexibilidade de horário, mas se você não organizar o seu tempo, a coisa pode sair totalmente do controle. Eu tive dificuldades em separar o tempo entre as tarefas da casa e o trabalho. Precisei incluir na agenda semanal também os horários para realizar atividades como limpar a casa, ir ao supermercado, fazer exercícios… Em um primeiro momento, senti que estava “misturando” muito as coisas. Porém, quando a quantidade de trabalho aumentou, fiquei sem tempo para alguns itens da agenda.
Percebi, então, que além de estipular turnos para cada tarefa, também é necessário limitar o tempo de dedicação ao trabalho. Caso contrário, se você for perfeccionista como eu, vai passar o tempo inteiro trabalhando e as “horas extras” vão virar regra – e você não vai ganhar mais por elas. Não dá para levar quatro horas para terminar um trabalho que você poderia (e deveria) fazer em duas só porque está com tempo livre e vai ficar em casa mesmo. Tenho muito o que aprender ainda neste quesito!
3. É preciso saber se vender e lidar com os clientes
Um freelancer tem que obrigatoriamente desempenhar tarefas que vão além da sua atividade, digamos, original. Eu não tinha muito ideia disso antes de começar para valer. Além de divulgar o trabalho e fechar projetos, é preciso saber se vender. Cada conversa com um possível cliente é como uma entrevista de emprego. Além de vender bem o seu peixe, você tem que ter jogo de cintura para lidar com clientes e contextos diferentes.
Ao me relacionar com os clientes nesta fase inicial, descobri que sou uma vendedora fraca e uma péssima negociante. Foi um pouco frustrante, mas acredito que a experiência vai me trazer mais segurança e mais feeling para saber como lidar melhor com um envio de um orçamento. Por enquanto esses momentos ainda são de muita indecisão.
4. As pessoas vão achar que você trabalha pouco
Quando você é freelancer e faz home office, é provável que a sua família e os seus amigos (aqueles de áreas em que o modelo de trabalho é mais tradicional) vão achar que você trabalha pouco e tem muito tempo disponível. Eu tentei terminar uns trampos na casa dos meus pais durante um feriado e fiquei o tempo todo ouvindo que a minha mãe não entendia que tanta coisa eu tinha para fazer na frente do computador.
Além disso, meus amigos me convidam para sair em horários aleatórios e não entendem quando digo que não posso: “ué, não é você que faz o seu próprio horário?”. Sim, sou eu! Mas se eu não cumprir os prazos e não entregar o trabalho, eu não recebo, minha gente!
Já percebi que mesmo sendo a modalidade de trabalho dos sonhos de muita gente e um modelo que vem se estabelecendo cada vez mais no mercado, ela ainda é pouco compreendida e, consequentemente, pouco valorizada. Sinto que, sempre que alguém me pergunta onde estou trabalhando e respondo que “sou freelancer”, o interlocutor tende a subestimar o meu trabalho: “Ah, tá! Trabalha em casa…”.
5. É necessário ter paciência até a coisa deslanchar
Construir uma carreira como freelancer requer um pouco de tempo: não vai ser nos primeiros meses que você vai conseguir ser super produtivo e se estabelecer financeiramente. Eu me vejo ainda em uma fase inicial de “ambientação”. Sei que em relação ao método de trabalho, por exemplo, preciso encontrar uma ferramenta que me ajude realmente a ser mais produtiva para poder pegar mais jobs, mas também para conseguir aproveitar melhor o meu tempo livre.
Penso que é preciso ter paciência para entrar no ritmo e ir construindo algo mais sólido. Pode parecer complicado avaliar o início sem feedbacks diretos, mas manter os clientes já me parece um bom indício de que se está no caminho certo. Um pouco de tempo e de experiência são fundamentais para deslanchar em qualquer âmbito profissional.
Você também teve dificuldades no início da sua carreira como freelancer?
Como em qualquer “emprego novo”, o começo pode ser bem desafiador e trazer muitas dúvidas e angústias. É importante estar aberto para enfrentar as dificuldades e aprender com a nova experiência – tenha ela o desfecho que tiver.
Por enquanto, eu nem sei exatamente aonde essa escolha vai me levar, mas sei que a estrada tem me ensinado a caminhar. Aos poucos, olhando mais para mim mesma e conhecendo melhor minhas qualidades e meus pontos fracos, tenho aprendido bastante. Afinal, é isso que importa, né?
E você, o que aprendeu até agora na sua experiência como freelancer? Comente neste post e compartilhe o seu aprendzado com a gente!
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