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Série Burnout: uma receita de esgotamento

burnout esgotamento

Burnout. O que significa? Quais são as causas? Como evitar? Como se recuperar?

Recentemente li um artigo que chamava os Millennials de The Burnout Generation e fiquei muito intrigada. Por um lado me identifiquei e me aliviei ao saber que não estou sozinha. Por outro lado, essa é uma das generalizações mais tristes que já li sobre nós. Como esse é um problema mais comum do que eu imaginava e inspirada pela minha própria experiência recente, resolvi escrever uma série de artigos sobre este tema. Espero que você leitor possa evitar passar por isso, ou que possamos nos ajudar na recuperação.

Leia o primeiro artigo dessa série aqui!

Passado o diagnóstico de burnout, uma única pergunta ecoava sem parar: como eu cheguei nesse estado?

É fácil olhar para os fatores externos: pressões na vida pessoal e no ambiente de trabalho, noites viradas no escritório frequentemente, falta de sono, atritos em relações interpessoais, ritmo frenético de vida…

Contudo a análise mais eficaz (e dolorida) é a que nos faz olhar para dentro. Afinal, grande parte do meu contexto eu não consigo mudar, então o melhor é entender o que realmente só depende de mim e onde eu posso melhorar.

Frenesi da capacitação

Conciliar trabalho e estudo é necessário: o mundo está em constante mudança, precisamos sempre nos atualizar e nos aperfeiçoar. Então o que nos resta é o malabarismo entre escritório, curso de idiomas, palestras, pós, especialização, workshops, meetups e etc.

Personalidade curiosa, tentativas incessantes de melhorar meu valor como profissional e a minha empregabilidade foram nortes poderosos para emendar curso atrás de curso. Foram anos saindo da “firma” correndo na hora do rush para estudar, lidando com provas, trabalhos, apresentações. Sou muito grata pela oportunidade de estudar e acesso a cursos de qualidade, porém em retrospecto faria tudo com mais calma, me daria um tempo entre uma certificação, um TCC e a próxima sala de aula.

The gig economy

Outro fator estressante para muitos profissionais atualmente é ter diversos empregos, ser freelancer, fazer “bicos”, ter uma renda extra etc. A chamada the gig economy traz flexibilidade, mas também é uma fonte fortíssima de preocupações, cansaço e… sim, estresse.

Por muito tempo tive um side job como revendedora de cosméticos. Diria que eu executava essa função adicional com uma dedicação bem mediana – comparecia a reuniões quando podia, fazia minhas próprias divulgações, lia sobre a empresa, sobre os lançamentos, sobre como vender mais, sobre como fazer vendas consultivas, dava dicas para as clientes, fazia follow-up depois das compras para saber se estavam satisfeitas…

Me convenci que enquanto um aumento ou promoção não chegasse, esse era um jeito direto de aumentar a minha renda. O fator controle pesava bastante na continuidade dessa minha “lojinha”, pois resultados melhores dependiam exclusivamente de mim (e do meu tempo, do meu esforço).

Me convencia de que um job ajudava o outro já que eu oferecia batons no escritório e também levava para a companhia técnicas de vendas novas que eu testava com as minhas clientes – no papel era uma troca muito vantajosa mesmo!

No mesmo ano ganhei mais de um prêmio de vendas no meu trabalho “oficial” e também brindes especiais pelo meu desempenho como consultora de beleza (e, sim, simultaneamente conciliando os cursos que eu mencionei acima). Fiquei me achando uma sumidade comercial!

Mas a verdade é que o cansaço me faria ser mediana em tudo e eventualmente aposentei os cremes e os pinceis.

Senso de dono e Medo de conflitos

Ter senso de dono é algo que é muito solicitado aos colaboradores hoje em dia. Confere-se a essa expressão o sentido de que pessoas mais empoderadas e envolvidas tem tanto a autonomia para tomar decisões quanto as dores e senso de urgência do proprietário do negócio. Se você tem “skin in the game”, tem mais responsabilidade e motivação para fazer dar certo, performar melhor, estreitar relacionamento com stakeholders, etc.

No meu caso, entretanto, isso significou uma clara falha em delegar atividades para outras pessoas: fui centralizando tarefas e fui absorvendo qualquer coisa meramente adjacente aos meus projetos e acumulando à minha rotina. Querendo ser proativa e controlar as entregas, acabei me sobrecarregando. Adicionando a isso meu medo de conflitos e a receita do meu esgotamento e burnout estava pronta!

Só agora vejo a minha dificuldade em falar não e o quanto isso me esgotou. Hoje em dia seria sincera em responder caso eu ache que não consiga aceitar um desafio adicional ou caso não possa ajudar alguém / fazer algo a mais.

Essa é a anamnese do meu burnout. Em termos gerais e é a partir daqui que eu estou fazendo mudanças concretas no meu dia-a-dia. Desse passado ficam as valiosas lições e agora é olhar para frente para me recuperar e não deixar essa história se repetir na minha vida e na dos que me cercam.

E você que também está nessa situação? Já parou para refletir como chegou aqui? Como podemos mudar de hábitos e até de estilo de vida para ter mais equilíbrio? Como podemos nos cuidar mais?

Para outro artigo da série sobre burnout, especificamente sobre a loucura da comunicação nos dias de hoje, clique aqui!

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