Vivendo de Freela

Trabalhar em casa não é trabalhar

Está em choque com o título deste texto? Pois é, é chocante mesmo. Porque acho que só quem já teve a experiência de trabalhar em casa sabe o quanto é complicado. E, ao mesmo tempo, o quanto é maravilhoso.

Para ser 100% sincera, eu nunca ouvi de fato essa frase. Mas, muitas vezes, já a intui. Sabe aquela história de “receber indireta”? Então, foi nesse contexto.

Eu comecei a trabalhar em casa em 2001 (sim, neste ano de 2016 estou “debutando” nisso!). Naquela época era ainda muito estranho para as pessoas o conceito de “trabalhar em casa” sem ser “dona de casa”. Na verdade, naquela época, mesmo a ideia de trabalho remoto ainda era bem desconhecida. E a possibilidade de “viver de freela” parecia uma loucura.

Mas era o limão que eu tinha. E dele fiz minha limonada. Fui demitida e descobri, já que o mercado estava em crise (!), que podia trabalhar “por conta”, fazendo frilas para revistas, editoras e outras empresas (comunicação corporativa). A internet não chegava nem perto do que é hoje, nem em termos de quantidade de informação nem em termos de velocidade de acesso. Mas, como meu negócio sempre foi conteúdo, não precisava muito mais que um word, um telefone e um fax (sim, fax!) para trabalhar. E, arquivos em word, até a internet daquela época dava conta de transmitir. A pesquisa era feita em bibliotecas e as entrevistas pessoalmente ou, na pior das hipóteses, por telefone.

Parece um cenário bastante razoável? Para mim era, mas para várias pessoas que conheço, não. Elas teimavam em me telefonar em horários impróprios (os clientes, às vezes tarde da noite; a família às vezes no meio do dia só pra bater um papo); em pedir coisas esdrúxulas (trabalhar no fim de semana, ir ao banco ou “dar um pulo no cartório” em plena quarta-feira à tarde, sem aviso prévio).

A confusão era tanta que por anos me senti culpada por acordar um pouco mais tarde na manhã seguinte a um dia de trabalho que entrou noite adentro. Durante anos, deixei passar oportunidades bacanas como almoçar com amigos porque estava “no meu horário de trabalho”, como se, caso eu trabalhasse em uma empresa “de verdade”, não pudesse ter hora de almoço ou não pudesse aproveitá-la para rever alguém ou ir a um médico, por exemplo.

O que aprendi trabalhando em casa

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Foi duro aprender que trabalhar em casa é trabalhar como se trabalha em qualquer lugar, mas com vantagens que eu adoro, como, por exemplo, preparar minha própria comida no almoço, usar moletom se estiver frio ou chinelo se estiver calor. Quanto às desvantagens, aprendi a lidar com elas! Por isso, a seguir compartilho alguns pequenos truques que podem ajudar quem ainda está começando nessa caminhada:

1- Tenha um despertador

Programe hora para acordar, trabalhar, almoçar e parar de trabalhar.
Parece óbvio, mas não é. Quando a gente trabalha em casa, fica com a sensação que tem sempre “mais dez minutinhos”, seja para ficar na cama, seja para terminar um texto ou responder mais um email. Estabelecer uma rotina é fundamental, tanto para poder viver (em vez de trabalhar 14 horas todos os dias), quanto para poder trabalhar (em vez de deixar a preguiça reinar).

2- Tenha um canto para trabalhar

O ideal é ter um cômodo da casa equipado para ser seu local de trabalho. Mas, eu mesma demorei anos para conseguir isso. Então, eleja um lugar específico. Mesmo que você tenha que deixar seu computador em cima da mesa da sala, use ao menos uma cadeira que só será usada quando você estiver trabalhando. Parece bobagem, mas seu cérebro vai se “acostumar” e, mesmo inconscientemente, você vai ter mais facilidade de delimitar o que é e o que não é trabalho.

Vale a pena ver o infográfico para montar um home office produtivo!

3- Tenha uma linha telefônica só para uso profissional

Ou, faça como eu, que entre 9h e 18h atendo ao telefone dizendo “Renata” e, depois disso, digo “alô”. Esse sinal é sutil, mas ajuda a separar as situações domésticas e pessoais das profissionais. Seus amigos e parentes, quando você atender profissionalmente, vão perceber que você está trabalhando. E seus clientes vão perceber que você não está!

4- Programe atividades externas

Isolamento é um dos maiores problemas de quem faz “home, sweet home office”. Então, organize-se para ver gente, sair à rua e ter atividades fora de casa. Matricular-se em uma academia, curso de idiomas, fazer uma atividade voluntária ou frequentar algum grupo específico (como os de tricô, por exemplo) “obrigam” a gente a ter o compromisso de sair de casa.

Atualmente, os coworkings são uma opção incrível (se você for de São Paulo, recomendo o Google Campus, que é gratuito). Mas o importante é sair e espairecer. Marcar reuniões no escritório de um cliente, um café com um amigo ou fazer networking em algum lugar novo e charmoso que você está com curiosidade de conhecer já bastam para fazer você circular.


E você? O que faz para que o trabalho em casa seja de fato trabalho (e não escravidão nem férias disfarçadas)?


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